Hoje, 16/11/2016, as alunas de Direito da UnB ocuparam as instalações da Faculdade como manifestação de repúdio à violência contra as mulheres. O movimento protestou para romper com o silêncio em torno da morte de Ariadne Wojcik, formada nessa faculdade. Acionando um repertório de protesto formado por pichações, bloqueio dos corredores e acessos, aulas públicas e rodas de conversas, as alunas pautam o gênero como categoria acadêmica e política que deveria nutrir os debates dessa instituição. Segundo uma manifestante “pichar as estátuas masculinas com cor de rosa, pichar as paredes com o slogan o ‘machismo mata’, tirar as cadeiras das salas de aula para bloquear o trânsito é um protesto que deve ser lido como um modo legítimo de dizer chega de silêncio”.
Foto: aula pública “Patriarcado, Estado e a dificuldade no enfrentamento da violência contra às mulheres”.
Debater sobre gênero no Direito implica em denunciar que este último, enquanto área de conhecimento, foi pensando para garantir o direito de propriedade, direito predominantemente masculino na sua origem. Esse direito colocou as mulheres em situação de incapacidade, portanto subordinadas à figura masculina, seja o pai ou marido. Nessa perspectiva, a propriedade é soberana e a vida das mulheres menosprezada.
Esse debate contesta a ideia generalizada e naturalizada de que as mulheres são corpos sempre disponíveis para os anseios masculinos. Busca quebrar o imaginário de que um “não” feminino significa “sim”. Os imaginários da “mulher santa”, ‘mulher profana” ou ”mulher indomável” difundem o entendimento da irracionalidade feminina. Entendimento este que argumenta que os homens não precisam entender as mulheres, apenas conquistá-las e as mulheres tornam-se assim objeto da conquista feminina.
A ocupação das alunas da Faculdade de Direito da UnB é encorajadora para todas as mulheres pois a desconstrução discursiva é um mecanismo que impacta as práticas cotidianas. Como instrumento de poder, o discurso enfatizando a dimensão de gênero, em cenários masculinizados como o direito, torna-se um avanço significativo.
Mulheres UnB na luta, de luto!
Em similar atitute, estudantes de outros cursos da UnB ocuparam “o BSAN em repúdio absoluto às práticas de feminicídio e qualquer outra agressão à integridade física, moral, psicológica, material, social e política das mulheres, dentro e fora da Universidade de Brasília”.
[…] diante das práticas sexistas no campo científico ganhou novos contornos a partir do feminicídio contra a estudante Louise Ribeiro nas dependências da Universidade de Brasília, em 2016. Esse crime estimulou mobilizações em […]